Loucura
minha imaginar que poderia casar sem amor, sou romântica e isso teve um preço.
Ele veio de nossa cidade para prestigiar meu casamento e revê-lo na fila para
me cumprimentar deixou-me aflita. Quando nossos olhares se cruzaram estremeci. Ele estava cada
vez mais perto e minha tremedeira aumentava e, agora, “meu coração bate ligeiramente apertado,
ligeiramente machucado”. Seus olhos mais uma vez tocam os meus com tanta
meiguice e meu coração “caiu tão fundo nessa emoção”.
Eu não
sonhava com amor à primeira vista mesmo achando possível era certamente raro
demais para acontecer comigo. Mas crescemos juntos, brincamos na escola e pelas
ruas, subimos em árvores, tomamos banhos de chuva, porque lembrar disso justo
agora? Ele era o próximo e me abraçou, olhos rasos d´água, corpo envolvendo meu
corpo, lábios tocando a pele de meu rosto que se arrepia. “Primeira vez que o
amor bateu de frente comigo. Antes era só um amigo, Agora tudo mudou de vez.”
Os
braços dele vão abandonando meu corpo, seu corpo se afasta do meu, de mim.
Trêmula, arrepiada, emocionada, recebo mais uma vez seu olhar e mentalmente
converso com ele naquela troca que só olhos apaixonados são capazes. “Será que
você sente tudo o que eu sinto por você? Será que é amor? Tá tão difícil
esconder!”
A fila,
como a vida, segue, interminável e vejo você, do outro lado, de frente para
mim, chorando... “Oh! Olha o que o amor te faz, te deixa sem saber como agir.
Oh! Quando ele te pegar não tem pra onde você fugir.
Finalmente
acabam os cumprimentos, tenho que fugir dali, ver você chorando, olhando
diretamente para mim, abalara todo meu corpo, meus sentimentos e não é só meu
coração que estava desejando-o agora.
No
salão de festas sigo para os aposentos reservados aos noivos, uma enorme e
confortável suíte. Escapo de todos. Vou trocar de traje para a festa do
casamento. O noivo leva consigo quem tentara seguir-me. Tiro o mais lindo de
meus vestidos, preparo a saia da festa, tomo um banho rápido e ainda estou
pensando em você, nos seus lábios na minha face. Aquele beijo percorre todo meu
corpo sem que eu consiga conter meus devaneios. Acabei de casar e minha mente,
meu coração, meu corpo inteiro clama por você. Morria de saudades mas nunca
quis admitir que era amor. Estou amando um caipira! Mas o que eu sou? Somos da
mesma cidade. Lembro meu primeiro beijo. Você roubou dos meus lábios e,
crianças, nunca mais nos falamos e nunca mais esqueci aquela deliciosa
sensação. "Oh! Olha o que o amor me faz! Fiquei tão boba, fiquei assim!”
Tenho que reagir. Saio do banho e me enxugando sigo para o quarto para me
vestir.
Ver
você ali, parado, lágrimas rolando no rosto. Percebi que ia ser difícil
resistir. Mas você estendeu os braços me pedindo, mudo, o meu abraço. Esqueço
tudo. A toalha cai no chão enquanto me jogo em sua direção. Você me acolhe, me
acalanta, me põe no colo, me deita na cama. Eu nua e você aos beijos liberta-se
e me penetra. Suave. Carinhoso, mas enorme, firme, decido. Envolvente. Sedutor.
Apaixonado busca colher minha alma que tenta libertar em velozes e firmes
estocadas e ela cede, se liberta, se entrega toda e completamente a você. A
última coisa que consigo lembrar é que acabei de casar e... “Oh! Nada será
capaz de apagar esse amor em mim!” Explodimos juntos. Eu delirando e você
deixando sua marca, sua seiva e seu prazer dentro do meu sedento corpo que tenta
comportar um coração que se agiganta, uma respiração que agoniza e um grito de
felicidade, júbilo e realização que não consegue se conter. Voltamos, dali
mesmo, para nossa cidade.