Me entreguei ao bruxo.

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Fiquei perdida ao experimentar aquela sensação. Nossos olhos faiscaram quando se encontraram e ele veio direto em minha direção. Estendeu sua mão e me vi entregando a minha num tremor indescritível. Sua voz arrepiou do rosto ao corpo inteiro e sem ouvir direito o que ele falava fui seguindo ele calma e ansiosamente.
Estava saindo da faculdade, em Bonsucesso, e enquanto meu cérebro sofria para decifrar suas palavras eu sentava no barzinho de frente para ele.
- Desculpe-me a invasão. Precisamos conversar. Sente-se ali comigo, por favor. Preciso lhe dizer o que estou sentindo e como estou me sentindo com urgência. O impulso é mais forte que eu.
Meu corpo recuperava o ritmo e até se acelerava. Enquanto eu observava aquele homem, ou melhor, analisava seus mínimos detalhes ele continuava a falar. E falava sobre mim, sobre meu corpo, de sensações e sentimentos.
- Entenda que quando lhe vi, na exuberância de sua juventude, no auge dos atrativos que a natureza oferece a uma mulher, senti como se um raio atravessasse meu corpo eletrificando-o.
- Seus cabelos quase louros me fizeram perceber os claros pelos de sua sobrancelha e sonhando acordado lhe vi nua e reparei seus pelos pubianos naquele mesmo tom.
- Ainda nua aos meus olhos percebi a firme maciez de seus seios soltos neste vestido leve de alças finas, seus bicos rosados e intumescendo-se ao toque do meu olhar.
- As perfeitas curvas de seu corpo se insinuaram em minha mente provocando uma imediata ereção. Só via uma mulher. Só no instante seguinte percebi o quanto eu já envelhecera, você poderia ser minha filha.
- Fui tomado por uma mistura de ansiedade, insegurança, urgência e sede de sexo que deram origem a um grande fluxo de adrenalina e, assim estimulado, não tive como resistir. Tinha que lhe abordar. Por isso estou aqui. Meu nome é Roberto e estou pronto e a seu dispor tanto para conhecê-la e ouvir-lhe, como para ser expulso desta mesa e me recolher derrotado.
Ele matraqueava e suas palavras me açoitavam. Minha lubrificação me umedeceu de tal forma que foi impossível não percebê-la. Era aquela presença, aquele olhar e meu próprio corpo – tudo conspirando contra mim, deixando-me indefesa e rendida àquela atração fatal que pela primeira vez experimentava. Minha vontade era pular sobre aquele homem e beijá-lo todo, inteiro e eternamente. E eu sabia que só isso não me bastaria. Meu corpo precisava dele, eu ansiava por ele, minha alma parecia querer sugá-lo, meus olhos prospectavam cada parte daquele desejado corpo.
Ele, tão mais velho que eu, me parecia um porto seguro em quem poderia confiar e me entregar sem medo. Ele me protegeria de todos os perigos que eu não quisesse correr. E mais, saciaria todas as minhas sedes, ânsias e vontades.
Minha voz saiu trêmula enquanto meus olhos voltavam de seu peito levemente peludo, seus ombros largos, barba baixa bem cortada e tratada para dentro da infinitude de seus olhos com o olhar perdido em mim.
- Me chamo Flavia... – eu nada mais tinha a falar!
- Vamos sair daqui. Preciso de você. Vamos pular todas as etapas e satisfazer nossos desejos de afogamento mútuo?
Movi minha cabeça em plena aceitação e sem qualquer outro questionamento fui, mais uma vez tomada por aquela mão forte e decidida, seguindo-o trêmula.
- Onde está seu carro?
Apontei e seguimos para o veículo onde, sem quaisquer outras palavras, nos entregamos a um beijo tão ansiado que me provocou um “carinhoso” e sublime orgasmo. Foi inédito, nunca havia experimentado um prazer sexual como aquele que me envolvia em um sentimento de total ternura. Era como se houvesse romance, romantismo, onde só havia sexo e desejo incontrolável e urgente de receber e dar prazer, de entrega plena e incondicional.
Acabado o beijo ele se posicionou convencionalmente como passageiro, pôs o cinto e me vi dando partida no carro sem nada perguntar. Eu estava enfeitiçada e não conseguia afastar meus olhos dos dele. Ou pior, meus olhos corriam de seus olhos ao seu membro estufando a calça. Quando ele olhava para meu corpo eu sentia todo seu magnetismo por era como se meu corpo fosse carinhosamente tocado por suas mãos e a parte olhada retribuía ao afeto imaginário com arrepios e intumescimento cutâneo.
Por dentro meu corpo era só desejo. Sentia como se meu útero estive em revolução constante e minha umidade acusando-me de gula já encharcara minha calcinha como se eu fosse uma adolescente sendo pela primeira vez acariciada no cinema.
Por que lembrei isso? Era assim mesmo que estava me sentindo, uma adolescente que pela primeira vez se deixa vencer por si própria, pelos seus desejos, em busca do prazer. Um prazer que se anunciava pelo olhar dele e crescia em necessidade de ser urgentemente saciado. Eu era alguém perdida sem água há dias no deserto, estava louca por aquela água e tinha miragens de carícias provocadas pelo simples olhar daquele homem.
Escolhi um motel ali perto e ansiosa, assim que estacionei corri para fechar a garagem e fui subindo para o quarto com ele ao meu encalço. Sentia-me nua, pronta para saciar aquele macho, mas chegando ao quarto, longe daquele olhar, senti um impacto.
Quem era aquele homem, sabia apenas seu primeiro nome – Roberto (sussurrei com prazer) – nada mais. Quem era eu, estava me desconhecendo e não conseguia me reconhecer. Era eu mesma, em meu próprio corpo, mas eu não era eu, parecia estar sonhando. Eu era a mais linda e desejada das mulheres. Sentia-me dotada de poder para saciar qualquer homem do mundo e me sentia pronta para isso. Quando acordei deste devaneio que me cegara literalmente dei com Roberto sentado na poltrona tirando os sapatos.
Eu estava ali, em pé, trêmula, perdida, num conflito essencial comigo mesma. Quem era aquele homem? Quem era eu? O que estava sendo? Como me deixei chegar ali? Como eu poderia estar, só agora, em discordância comigo mesma? Aquele olhar me dominava, me comandava e me vi afastando as alças do largo vestido e ajudando o pano a cair aos meus pés.
O fundo musical, sem qualquer comando, passou a tocar alto uma música estilo cigana e eu sai bailando e me expondo àquele homem e praticando passos de dança que não conhecia. Parei, não, estanquei frente a ele; rebolei meu corpo; minha calcinha foi descendo vagarosamente sem que ninguém a tocasse.
Tentei controlar meu corpo, meus passos, aquela dança e me vi rodando, pulando, expondo minhas intimidades arreganhadas para Roberto. Sentia meu corpo em contrações descompassadas. Meu grelo doía de tão duro, estava avermelhado, em fogo e enorme.
A minha umidade escorria pela primeira vez coxas abaixo e eu a oferecia a ele que colhia em seus dedos e sorvia com um prazer inominável. Ele finalmente levantou-se. Meu corpo entrou em um frenesi que eu apostava que ia convulsionar a qualquer momento.
Totalmente fora de meu controle, com vontade, mas racionalmente me reprimindo e tentando me impedir, me vi dançando para e com Roberto. Aos pouco fui tirando suas roupas sem pressa e sofria.
Minha mente mandava parar com tudo aquilo imediatamente ainda sem conseguir entender como eu me livrara de minhas próprias roupas nem como estava me atrevendo a tirar a roupa daquele completo estranho.
Meu corpo se expunha numa dança exótica e eu me via subindo até os braços da poltrona para ali, arreganhada, arranhar a pele de minha pélvis naquela barba linda e cerrada.
Minha gula era tal que arranhei os lábios vaginais sofrendo verdadeiros choques ao ter meu grelinho (enorme - como eu disse) espetar-se contra aqueles pelos. Eu insistia em instigar o homem que me torturava com um inexplicável e medonho desejo.
Quando eu ia me afastar ele deixou sua língua dançar entre seus lábios e quase cai para esfregar toda minha... – nem agora, contando, dá para escapar da vadia que estava incorporando (só podia ser isso) – esfreguei minha buceta inteira naquela barba, naqueles lábios e naquela língua que retribuía dançando e fazendo meu corpo já se estremecendo ainda sentir estertores de um prazer que só se anunciava, mas não acontecia. E, eu, ansiava, precisava, desejava, babava literalmente na busca daquele prazer que só se anunciava maior, intenso e não ocorria.
Como louca eu dançava, me expunha, pulava na poltrona e me esfregava nele, pulava para a cama e me esfregava nele, a música foi se intensificando. De frente para ele comecei a rodar velozmente e cai de joelhos no exato momento que a música acabou e entrou uma daquelas xaropadas românticas do Roberto Carlos e me vi, para não cair de tonta, me apoiando nos quadris de Roberto para em seguida recolher aquela imensidão, dura, brilhante, pulsante em minha boca sentindo um prazer indescritível com o sabor doce acre daquela pica.
Meus olhos grudados em seu rosto e seus gestos continuavam a me fazer sentir tocada. Ele me mostrava a língua e eu sentia minha buceta recebendo aquela leve aspereza úmida de saliva.
Ele me ergueu, rodou meu corpo magicamente e me vi na cama, de quatro e em posição para ser plenamente penetrada. Quando ele começou a beijar meus pés quase morri. Nunca nem imaginara que sentiria tanto tesão em meus pés e dedos.
Ele estava me castigando fazendo a ansiedade pelo orgasmo, que se prometia intenso, aumentar ainda mais eu achava que isso já não era possível, que iria explodir ao menor toque. Ele alternava carícias com carinhos agigantando e reduzindo esta sensação sem deixar ela se concretizar.
Ele beijou todo meu corpo me tirando e me levando de volta àquela posição de total entrega. Eu era uma boneca de pano nas mãos daquele homem que dominava até meus movimentos. Ele só não controlava meus gemidos, meus gritos de excitação intensa, a minha dispneia, minha respiração descompassada, arrítmica, meus arrepios, tremores e estertores. Nem ele, nem eu mesma.
O coração arrítmico, descompassado, parecia estar amando apaixonadamente aquele completo estranho enquanto eu me sentia penetrada e preenchida por aquele homem. Isso fez com que minha prazerosa agonia anunciasse o orgasmo que insistia em não acontecer.
De repente explodi. Foi indescritível. Nossa posição, sem que eu percebesse, se revolucionaram e estávamos praticando um delicioso papai X mamãe – posição que me provoca os mais intensos orgasmos. Minha vagina criava em mim uma sensação de agonia temendo a saída dele quando seu corpo se afastava e uma frenética vibração de felicidade quando ele reaproximava-se de meu corpo me preenchendo total e confortavelmente, só que isso acontecia em décimos de segundos, numa indescritível velocidade. Eu estava me sentindo numa verdadeira câmera lenta quando ele “abraçou” minha testa com a palma de suas mãos dando origem ao meu mais prazeroso, intenso e demorado orgasmo. Minhas forças esvaiam-se e eu me sentia sugada e tocada por muitas mãos e línguas espalhadas por todo meu corpo e concentradas, em especial, nos meus pontos mais erógenos.
É muito difícil com palavras conseguir expressar as loucuras que ocorriam dentro de mi, no meu corpo inteiro, no meu cérebro. Minha visão era um clarão onde piscava intensamente o rosto daquele homem colado ao meu, sugando e mordiscando meus lábios e brincando com minha língua. Minha audição só ouvir o bater descompassado de meu coração. Meu paladar se reportava ao sabor doce acre daquela pica que eu experimentara. Meu tato manual buscava reter as sensações que o corpo suado daquele homem me proporcionava, mas meu corpo inteiro percebia a presença daquele corpo dominando o meu e o meu tato vaginal, mesmo prejudicado pelas descontroladas contrações daquele infinito orgasmo, tentavam reter aquele membro agradável dentro de si.
Eu já ouvira falar em orgasmo múltiplo, mas não era isso que estava experimentando, era um orgasmo crescente e ininterrupto que sugava minhas energias concentrando-as no interior de meu ventre, possivelmente em meu útero.
Com um olhar gratificado e agradecido, um sorriso pleno de satisfação ele interrompe seus movimentos o que me permitiu perceber-me inundada. Meu corpo sorvia aquela ejaculação alimentando-se nela para dar um salto no prazer daquele eterno e intenso orgasmo que me liquidou de vez. Alcancei um auge de prazer tão intenso e inesperado que fui sentindo meu corpo entorpecer, relaxar e se entregar a um desmaio espetacular que me levou a um estado de plena consciência do universo com quem eu me conectava plenamente.
Umas agonias orgásticas dos meus últimos estertores provocaram uma prazerosa sensação de queda onde retomei meu corpo e voltei à vida num suspiro típico e desesperado de quem se afogava e voltou à tona da água. Só então relaxei definitivamente e me entreguei ao torpor do desmaio confortador.
Eu acordei ao lado daquele homem que, encantado, olhava para mim, para meu corpo, com uma expressão que demonstrava o esplendor que ele admirava em mim. Isso preencheu ainda mais minha autoestima, nunca me senti tão bem, tão revigorada, tão recarregada, realizada, satisfeita... E por ai vai!
O que ouvi me deixou surpresa:
- Fique um pouco mais, descanse um pouco. Tenho que ir e já pedi um taxi e paguei a conta. Só vamos voltar a nos ver nas comemorações da chegada de 2030. Até lá cuide muito bem de mim. Estarei distante, mas você sentirá que estou sempre ao seu lado. Depositarei a partir de hoje, mensamente, R$ 5.000,00 em sua conta corrente. Não me procure, será inútil, eu lhe encontrarei como hoje lhe encontrei. Permaneça casta até lá, se conseguir.
Estávamos em março de 2011 e só em meados de abril, com o resultado positivo do exame de gravidez, entendi o que ele falou em sua despedida que aceitei sem discutir e chorando suavemente.
O nascimento do Robertinho (a ultrassonografia revelou que meu filho será um menino) será no final de dezembro de 2011 e quase toda noite sonho com Roberto nos mais diversos ambientes e fazemos muito sexo que me realiza plenamente, apesar de ser um sonho. No sonho já me entreguei a ele de todas as formas possíveis e imagináveis, sempre com um intenso e real prazer. Acordo saciada e feliz de ser amante de um bruxo que só me possuiu uma vez e me deixou a sua presença de presente num filho que já amo demais.



O Carteiro