Ao olhar profundamente o sol momentaneamente ceguei
Cego percebi que meus labios beijavam pétalas
Até encontrarem o néctar e inteiro me entreguei
Sentia-me sugado enquanto sugava aquela essência
Em meu corpo a presença que o sol anunciara
Os panos caem por terra liberando corpos
O tato e o olfato provocam sensação rara
Todos os sentidos despertados percebiam o mar
As ondas caminhavam por meu corpo desnudados
O sussurro das águas penetravam meus ouvidos
E um doce e salgado perfume invadia meu olfato
Minha visão turvava-se ao encanto das formas e curvas
Entranhas e reentrâncias, ranhuras, perfumes, sabores
Adentro um outro mundo deste outro ser, me aprofundo
O ar já me falta, nada há em volta, odores, ruídos, prazer
É uma luta, uma dança, é dar para receber
O outro - o que importa. O outro sou eu. É você.
Vem a queda no abismo profundo e tão raso
Meus lábios aos beijos, meus braços em abraços.
E o sol de seus olhos estão tão mais brilhosos
Meus dedos tocam sua face de sedosa pétala
Seus lábios oferecem agora o néctar saciado
No ar o perfume do prazer que não cala
Seus membros me envolvem como uma maré
Recuperas o fôlego do embate dançado
O mundo a minha volta recupera seus traços
É maravilhoso amar e ser amado.
O Carteiro - RJ
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