FUGIR! PARA ONDE?


Loucura minha imaginar que poderia casar sem amor, sou romântica e isso teve um preço. Ele veio de nossa cidade para prestigiar meu casamento e revê-lo na fila para me cumprimentar deixou-me aflita. Quando nossos olhares se cruzaram estremeci. Ele estava cada vez mais perto e minha tremedeira aumentava e, agora,  “meu coração bate ligeiramente apertado, ligeiramente machucado”. Seus olhos mais uma vez tocam os meus com tanta meiguice e meu coração “caiu tão fundo nessa emoção”.
Eu não sonhava com amor à primeira vista mesmo achando possível era certamente raro demais para acontecer comigo. Mas crescemos juntos, brincamos na escola e pelas ruas, subimos em árvores, tomamos banhos de chuva, porque lembrar disso justo agora? Ele era o próximo e me abraçou, olhos rasos d´água, corpo envolvendo meu corpo, lábios tocando a pele de meu rosto que se arrepia. “Primeira vez que o amor bateu de frente comigo. Antes era só um amigo, Agora tudo mudou de vez.”

Os braços dele vão abandonando meu corpo, seu corpo se afasta do meu, de mim. Trêmula, arrepiada, emocionada, recebo mais uma vez seu olhar e mentalmente converso com ele naquela troca que só olhos apaixonados são capazes. “Será que você sente tudo o que eu sinto por você? Será que é amor? Tá tão difícil esconder!”

A fila, como a vida, segue, interminável e vejo você, do outro lado, de frente para mim, chorando... “Oh! Olha o que o amor te faz, te deixa sem saber como agir. Oh! Quando ele te pegar não tem pra onde você fugir.

Finalmente acabam os cumprimentos, tenho que fugir dali, ver você chorando, olhando diretamente para mim, abalara todo meu corpo, meus sentimentos e não é só meu coração que estava desejando-o agora.

No salão de festas sigo para os aposentos reservados aos noivos, uma enorme e confortável suíte. Escapo de todos. Vou trocar de traje para a festa do casamento. O noivo leva consigo quem tentara seguir-me. Tiro o mais lindo de meus vestidos, preparo a saia da festa, tomo um banho rápido e ainda estou pensando em você, nos seus lábios na minha face. Aquele beijo percorre todo meu corpo sem que eu consiga conter meus devaneios. Acabei de casar e minha mente, meu coração, meu corpo inteiro clama por você. Morria de saudades mas nunca quis admitir que era amor. Estou amando um caipira! Mas o que eu sou? Somos da mesma cidade. Lembro meu primeiro beijo. Você roubou dos meus lábios e, crianças, nunca mais nos falamos e nunca mais esqueci aquela deliciosa sensação. "Oh! Olha o que o amor me faz! Fiquei tão boba, fiquei assim!” Tenho que reagir. Saio do banho e me enxugando sigo para o quarto para me vestir.


Ver você ali, parado, lágrimas rolando no rosto. Percebi que ia ser difícil resistir. Mas você estendeu os braços me pedindo, mudo, o meu abraço. Esqueço tudo. A toalha cai no chão enquanto me jogo em sua direção. Você me acolhe, me acalanta, me põe no colo, me deita na cama. Eu nua e você aos beijos liberta-se e me penetra. Suave. Carinhoso, mas enorme, firme, decido. Envolvente. Sedutor. Apaixonado busca colher minha alma que tenta libertar em velozes e firmes estocadas e ela cede, se liberta, se entrega toda e completamente a você. A última coisa que consigo lembrar é que acabei de casar e... “Oh! Nada será capaz de apagar esse amor em mim!” Explodimos juntos. Eu delirando e você deixando sua marca, sua seiva e seu prazer dentro do meu sedento corpo que tenta comportar um coração que se agiganta, uma respiração que agoniza e um grito de felicidade, júbilo e realização que não consegue se conter. Voltamos, dali mesmo, para nossa cidade.